PELE NEGRA
PELE NEGRA

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população brasileira é constituída por 90,9 milhões de brancos, 95,9 milhões de pardos e 16,8 milhões de pretos. Nas pesquisas domiciliares do IBGE, a cor dos moradores é definida por autodeclaração, ou seja, o próprio entrevistado escolhe uma das cinco opções do questionário: branco, pardo, preto, amarelo ou indígena.

Nós, dermatologistas, usamos uma classificação que divide os tipos de pele em relação à resposta à radiação ultravioleta. Chamamos essa classificação de fototipos de Fitzpatrick e nesse artigo vamos falar sobre os fototipos IV, V e VI, que raramente ou nunca se queimam e bronzeiam facilmente.  Essa classificação é importante para que se possa prever a reação da pele a estímulos diferentes e prevenir complicações.

Para facilitar, vamos considerar pele negra a somatória de pardos e pretos, pela classificação do IBGE e os fototipos IV, V e VI pela classificação de Fitzpatrick.

A pele negra possui maior quantidade de melanina (pigmento que dá cor a pele), o que fornece proteção solar natural. Estima-se que o FPS (fator de proteção solar) possa chegar até 13,4 na pele preta.

A pele negra possui maior quantidade de fibroblastos, que são maiores e mais ativos. Além disso, possui menor atividade da colagenase. O fibroblasto está envolvido no processo de cicatrização e a colagenase é importante para controlar esse processo e evitar uma cicatrização exagerada. Acredita-se que essas características juntas aumentem a predisposição da pele negra para a formação de queloides.

Os pelos e cabelos são mais finos e mais esparsos, os folículos pilosos saem da pele em um ângulo agudo (menor que 90 graus) e por este motivo produzem fios encaracolados. Os fios possuem menor quantidade de água com tendência ao ressecamento e maior quantidade de melanina.

Frente a essas características, algumas condições podem ser mais frequentes na pele negra e deve-se ter atenção especial a elas:

– Maior risco de alteração da pigmentação após processos inflamatórios, tanto hiperpigmentação como hipopigmentação;

– Maior risco de formação de queloides;

– Maior risco de pseudofoliculite e alguns tipos de foliculite, que são inflamações das estruturas foliculares (pelos e cabelos);

Além dessas características que podem dificultar o cuidado, a pele negra apresenta dois grandes benefícios pelo fato de possuir proteção solar natural:

– Menor risco de câncer de pele

– Fotoenvelhecimento mais tardio ☺

Bibliografia:

An Bras Dermatol.2008;83(1):7-20

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/18282-populacao-chega-a-205-5-milhoes-com-menos-brancos-e-mais-pardos-e-pretos

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